terça-feira, 19 de julho de 2011

cesta-cheia-de-poesia

as cestas
aquelas das poesias perdidas
já não têm o mesmo efeito
não deságuam a enxurrada do ventre
(úmido e florido)
cresceram como jatobás
e abrigam ninhadas de plumas
desgovernam os sentires
(isto sim!)
mas transformam o tempo
no desaparecer das idéias

as cestas
aquelas das poesias precoces
perversas
se amaram sem pressa
fincaram-se noutros dias
na vastidão de um olhar moreno
impróprio
longínquo
eterno

as cestas
estas
são o que nos grudam à realidade
são o que nos desbotam a realidade
da maneira mais preciosa

silenciosa