quinta-feira, 28 de outubro de 2010

água de mim

água perfumada.
água estilhaçada.
água destilada.
água esfumaçada.

por dentro,
digo, alma.
por dentro há água.

água de beber, de bobeira, de um tom negro acobreado.
umedece a mim.
umedece até um anfíbio de tão aquosa água em mim.

ser líquido; pacífico e intumescido.
ser líquido; corrente inversa de maré.
liquidificando ser.

vazio preenchido.
toma forma do vazio a água líquida do ser.

seria eu uma água azul?
azul e fresca?
azul e borbulhante?
azul e visceral?

azul pode ser o que quiser.
azul pode ser água,
pode ser vazio,
pode ser ser.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

contraponto do irreal

Foto: Marcela Luca 

Qual será o contraponto do irreal?
Hoje, faço do ocaso diário minha rede; na qual deito e quase que instantaneamente me cubro de realidade. Um manto espesso de flores e acrobacias aéreas.
É possível desvirtuar o irreal num mergulho quase ilusório nas camadas mais profundas do factualístico agora. Feito de alegorias transbordantes de tonalidades sensitivas (seriam tentáculos de viva água gelatinosa e unicelular?).
Incrivelmente plástico, o real pode ser brincado como jogo, mas sentido como metal nas veias.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

o princípio do sol

Foto: Luis Zumbi
o princípio do sol.

o tempo na corda bamba do esplendor.

qual equilibrista,
a melanina se exalta e se enraivece,
tentando animar a exuberância da cor.

os corpos verdes de inverno
se alteram de humor,
por perceber a necessidade da luz.

num ciclone extratropical,
enfrentamos o mar agitado;
para conseguir amanhecer azul, um dia.

vamos saborear água, vento
e um raio amarelo pálido.

já há nova vida em mim.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

sexta-poesia


mergulho em ideias
absolutamente insanas.
delírios reais.
bebo copos de água salobra;
com o mar em minha porta.