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segunda-feira, 13 de junho de 2011

fotografia dos sentidos XL

Arte: F. Minto
a cada vez que me olhava no espelho
aparecia uma outra figura;
alguém que se encontrava fora de mim;
alguém que permanecia sob a ótica cotidiana;
era alguém que nevava flocos de sol rasgado –
sol sertanejo e erudito;
era alguém cujas asas pontiagudas
tinham um friso vermelho e grosso,
como veia.
a cada vez que me olhava no espelho,
descobria,
e eu própria me amanhecia.
agora só dissolvo e refaço:
não me desgrudo da minha imagem.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fotografia dos Sentidos XVI











Arte: F. Minto

no esfumaçado colo de si mesmo
perdeu-se em insanidade.

romper as paredes do corpo
não lhe cabia.

percorreu fluxos incansáveis de vida
dentro de um único lar.

explodir em asas gigantescas de lagarto
foi a sobriedade que lhe restou
para libertar-se.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

strange days...
vamos sair desse casulo que nos aprisiona.
vamos gritar, espernear,
virar criaturas da noite
à procura de sangue e diversão.
vamos ser borboletas azuis voando pelo jardim;
um jardim in blum.
garota perdida,
devaneios de um dia chuvoso,
devaneios de mente insana.
é real a marca do lagarto,
ele passou pelo jardim, tocou a corneta
e gritou teu nome: seis, sete letras!
que vida!
quem sabe aqui no fundo eles me peguem...
uma asa azul,
vomitando fogo pelas entranhas.
que dia!
ele me pegou.

quinta-feira, 24 de março de 2011

fotografia dos sentidos XXVI

uma dor lancinante
urra do centro do meu corpo
como um ferimento de bala
e não de flecha

torpor! torpor!

inquietas,
minhas veias saltam:
bombeiam jatos de desespero.
a serotonina volatiliza-se
e esfria meu corpo
(meu invólucro de emoções pisoteadas).

terça-feira, 15 de março de 2011

Fotografia dos Sentidos XXXVI

Arte: F. Minto
as pessoas das margens
aquelas que andam encostadas
nos muros
nos quebra-mares
aquelas pessoas dos becos
dos bares escusos
da boemia soturna

as pessoas das margens
que ficam à margem dos corações
que rodopiam à beirada da pista de dança
sentam nas mesas do canto
almoçam sozinhas

pessoas das margens no centro de minha atenção
(eu mesma me contornando...)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

fotografia dos sentidos VIII

viro borboleta azul-anil
viro borboleta verde-lagarto

a água viva furta-cor
vê da terra a cor mais linda
vê da terra marrom-vida

não há um corpo cinzento apenas...
(se enfeitiçarem meu caminho
as poças flutuarão chuva musical)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

fotografia dos sentidos IX











Arte: F. Minto


nos olhos mareados de insônia
brilharam teus sons
                          tons
o esboço róseo do sorriso saudoso
esquece de apagar o que não passou

é pura invenção essa coisa de sanidade!

o poeta murcha uma rosa
para contar a dor da paixão
e aqui não é preciso dizer:
ela brilha como água viva...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

fotografia dos sentidos XXVIII

o semblante do sol na minha memória
(que às vezes insiste em ser noturna)

vem como uma brisa quente e clara
onde a cor do mundo cintila sem vibrar
                                     apenas iluminando...
como se a tranquilidade passasse sorrindo

                                                          tênue
                                                          serena

                                     quase sereiamente

que é quando se sente borboleta
(aquele pingo de felicidade tola)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

fotografia dos sentidos XXXV

(ao dia que vem depois de agora)
 

Arte: F. Minto
agraciados pela língua
- essa labareda
essa massa de baba ávida por pele –
chegamos a mais um dia
mais um agrado de sol
de um belo dia de belas línguas
de corpo que se deixa
largado
se enovelar por ele mesmo
corpo cheio de corpo
de dente
de língua
de calor
de dia
corpo pleno de dia é corpo realizado!
é corpo vivo
e ser vivo é sentir que cantamos por dentro
é sentir que um pé de alguma coisa
(pode ser amora?)
se movimenta
assim como se fosse uma língua
língua de papel
daquelas que se juntam
umas às outras
e querem dizer coisas que não são ditas
porque língua não fala
língua lambe.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

fotografia dos sentidos XIII

Arte: F. Minto
ela pegou a lua com
as duas mãos

amarrou num barbante
e correu pela praia

...empinando a própria vida...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Fotografia dos Sentidos VI - para Thomas Carmona

Arte: F. Minto
vai, meu amor selvagem.
sai correndo pelas tuas matas,
brincar com teus amigos lobos,
que o esperam na clareira.
viaje pelo teu próprio tempo,
em tuas inquietudes
de um jovem apaixonado pela vida.
a voz que sai de ti
pode arrasar o que quiseres.
corra belo.
com as madeixas fumegantes
soltas ao ar...
liberte-se desse arco.
liberte-se.
revolucione-se.
como tu és realmente.
trovão.
gritando de fome nas fogueiras.
gritando violento de amor.
corra selvagem, amor.
que essa é tua vida.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

fotografia dos sentidos XLI











arte: F. Minto

era feita de longos cachos
que lhe caíam pelos ombros...
a manhã era fêmea em todas as suas atitudes.
o chumbo que lhe descia das alturas máximas
da estratosfera
era pólen cintilante;
fértil.
organismos. nada mais.
lhe restaram duas brechas de azul celeste;
um rasgar frio de maresia ventada;
odor de pedra molhada;
caranguejo.
do auge de sua felinidade
(porque o dia também é gato se quiser),
se supôs,
e se derramou pela terra...
avermelhando-se de sol,
goteira
e minério.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Fotografia dos Sentidos XXXIV

arte: F. Minto
gosto de roupas secas ao sol
brancas ao coco
perfumadas ao mar.

gosto de flores vivas a água
amareladas ao tempo
pétalas ao ar!!

gosto do amor versado ao luar
apaixonado ao olhar
abocanhado.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fotografia dos Sentidos XII













arte: F. Minto

fragmentos de poemas
borbulham...
ferve a cor do sangue
o corpo é a casa dos sentidos
e dele sai
a obscenidade da beleza

a crueldade das palavras
nada mais é
do que a nudez
dos sentimentos...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

fotografia dos sentidos III
















(arte: F. Minto)

ela chorava...

enquanto a banda tocava
e os malabaristas fantasiados
tomavam a rua,
eu cheguei e a abracei.
queria levá-la para
um passeio no céu
queria mostrar-lhe
as nuvens e as estrelas
as músicas perfeitas.
mas ela chorava imóvel
sem poder dizer-me
quem a havia tocado.
o circo passou
e outras pessoas riam solitárias;
e a gélida garota
não disse nada.
chorou infinitamente
músicas insanas.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SEXTA-POESIA - para Thalita Mazzilli (Fotografia dos Sentidos IXL)

Arte: F. Minto
tinha ardentia

e tinha estrela no céu também!

era vida

uma vida líquida

que a gente ingeria sem saber que era mar

(era o batuque do nosso próprio sangue)



Guaecá para Thalita Mazzilli