Foto: Ana Paula Mendes
daqui da escotilha oeste, vejo a paisagem submersa em denso acúmulo de ar; posso sentir na pele o odor verde da chuva; mais ou menos como se pela ponta dos dedos víssemos o adocicado sabor da seiva, grudando feito lagartas frias no azul das veias. meu navio não pode parar na paisagem. navega na amplidão de cinzas ou azuis, flutua alaranjados e rosáceos; ventos e ondulações. neste navio, carrego os sabores das pedras, os desejos dos mares, as palpitações inesperadas do sal.
mar, azul, negro, calmo, teu mar
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