segunda-feira, 19 de setembro de 2011


quando me vi aqui
num sistema umedecido e aberto
sofrendo vento por dentro e por fora
dependurada em pedras cobertas por cracas suadas de sal
não sabia ainda voar de verdade
- eram falsas asas de argamassa pesada –
odor craquelado de uma piscina fictícia, como Walt Disney

aqui,
nesta terra que carrega verde
que esconde azuis translúcidos
que esperneia água água água...

transpiro   respiro   absorvo
- tangerina doce
Penso   resolvo   transtorno
- nuvens correntes
amo   enlouqueço   me largo
- sinceridades amenas de rio

neste lar que se tornou,
ardor de manhã quente
café de grão real
cabelos alvoroçados de desejos incontidos

sou mais rastejante,
com o ventre na terra molhada de ar
nos becos não vistos do jardim
em peles absortas de uma garoa boa de sorrir

degusto lábios,
e num gesto toco o âmago da pedra

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