O cheiro do verão
vem com o zumbido das cigarras
as mais inusitadas faces dos insetos
chegam ao olhar mais atento.
Hoje vi barcos flutuarem
num amanhecer já azul e límpido
como se o mundo mostrasse seu oposto
incrível
enigmático
e possível.
Não é nada se não a existência de sorrisos
que fazem levitar as sensações.
O verão é o renascer de um olhar diáfano.
O suor joga fora nossa escuridão.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Passado
No passado as lembranças
Ficam paradas
Como num quadro
Num álbum de fotografias.
Trazê-las para o presente
Torná-las coerentes
Pintar com cores novas
É tempo revisitado
Deixá-las na memória
Sem remendo nem arremedo
Intangível como passado
É ato arrematado.
Vera Araujo - 1/12/2010
Ficam paradas
Como num quadro
Num álbum de fotografias.
Trazê-las para o presente
Torná-las coerentes
Pintar com cores novas
É tempo revisitado
Deixá-las na memória
Sem remendo nem arremedo
Intangível como passado
É ato arrematado.
Vera Araujo - 1/12/2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
os meus poemas de você
terão teus olhos de menino
sempre a me espreitar
ficarão grudados na pele
como mãos curiosas
serão poemas pairando no ar
como nossas vozes
e risos
e sussurros
que inebriam a casa
preenchem os espaços de nós
meus poemas
terão você como tema
como fundo
como ponto de fuga
meus poemas de vida
são de uma natureza distinta
alegremente selvagem
e solta de amarras
e meus poemas de vida
terão agora você
tornando a mim o meu melhor
o meu arco íris interior
trazendo à tona das linhas
sorriso de felicidade liberta
os meus poemas de você
serão assim:
pitadas de azul num dia de sol
o sol do verão mais límpido
*o desenho da mandala é de Françoise Rougeau, do livro "Mandalas de Bolso; 3", da Editora V&R; e foi colorida por KK.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
lá do meio das águas,
percebo:
há vida pungente.
há um homem
com uma boca enorme.
e a antropofagia já não há.
come-se o outro
não como reinvenção;
regurgita-se cimento e seca
e o homem-bicho
se vai
o não-inventado é o que se esvai
o que se perde.
e aqui, de dentro d’água
um peixe voador come
uma tainha recém-nascida.
pura vida pungente.
percebo:
há vida pungente.
há um homem
com uma boca enorme.
e a antropofagia já não há.
come-se o outro
não como reinvenção;
regurgita-se cimento e seca
e o homem-bicho
se vai
o não-inventado é o que se esvai
o que se perde.
e aqui, de dentro d’água
um peixe voador come
uma tainha recém-nascida.
pura vida pungente.
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