segunda-feira, 6 de junho de 2011

claridade

Sento-me à sombra, parecendo que as cores são mais vivas, tridimensionais. Há a impressão de que a cor de cada coisa foi colocada lá, na coisa, e esmagada na superfície como quando se esmaga um giz pastel sobre uma folha de papel branco: intensidade absoluta, tão cheia de luz, que é quase triste quando chega ao coração.

Daqui, tenho vontade de dilacerar toda a boniteza que vejo: morder, rasgar, amassar; como se possível fosse penetrar o íntimo de cada coisa, entrar na essência, absorver a vida de cada coisa.

Na claridade... perco a noção do meu limite físico, minha existência se dilui nas outras existências. Tornamo-nos uma união plasmática. Meus pensamentos já não são meus: eles se espalham, desvirtuam-se em fragmentos de outras matérias, entram nas coisas. É como se de mim, e de cada coisa, emanasse uma lava de nós mesmos, que vai se encontrando e se unindo, formando um grande tudo. Derretido e mudo.

Um comentário: