sexta-feira, 11 de junho de 2010

SEXTA-POESIA

nessa vida irreal que se adorna diariamente por uma ficção consciente e interminável,

duas horas para sentar debaixo da figueira e sentir o vento adentrar os poros
enquanto ondulam-se os pesqueiros multicores, torneando a baía,
é difícil de encontrar
(mais a hora do que o pesqueiro);

amar calmamente numa nesga de um sol-de-fim-de-tarde qualquer
cheirando a acerola e manga,
enquanto outras insensatezes correm por fora dos corpos,
quase desacontece
(mais porque as insensatezes correm por dentro e a calma se esvai);

na irrealidade cotidiana, as bicicletas não têm asas e sobrevoam as nuvens
e muito menos há união de bocas doces de bolo confeitado
e picolé de pitanga tirada do pé.

você pode me dizer para quê é que serve essa bobeira de todo-dia
se as delícias da realidade não são impossíveis?

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